sexta-feira, 22 de janeiro de 2010







As duas faces da Leitura









O filme O Leitor, que tem sua história narrada na Alemanha, aborda um assunto geralmente não muito explorado em filmes e livros, pois a temática trata de fazer uma leitura do próprio leitor, das conseqüências que a sensibilidade da leitura pode trazer na vida das pessoas.
O longa-metragem estreou no começo deste ano e foi baseado em um livro alemão de 1995. A história que se passa entre os anos 50 e 60 é muito bem tramada e resultou em um Oscar de melhor atriz para Kate Winslet (protagonista do filme Titanic). O longa chegou ainda, a alcançar status de Best-sellers do New York Times.
O garoto Michael, de 15 anos (David Kross), adoece e recebe ajuda de uma mulher desconhecida, com o dobro de sua idade, a solitária Hanna Schmitz (Kate Winslet). O que parecia um gesto inocente acaba se tornando uma paixão tórrida entre os dois, que se entregam a um sentimento jamais experimentado. Esse amor de verão parece algo forte cheio de paixões e literatura, porém a misteriosa Hanna simplesmente some, deixando o garoto, que já não vive muito bem em família, completamente desolado.
Anos depois, eles se reencontram. Ele, um estudante de direito, depara-se com ela em um julgamento sendo acusada de exterminar centenas de mulheres em um campo de concentração nazista. A partir desse momento, a temática abrange dois grandes eixos que são nazismo e analfabetismo. O preconceito com quem não sabe ler já se mostra evidente na década de 60, conforme o filme. A protagonista se auto-acusa e é condenada por vergonha de declara-se analfabeta, o que poderia significar a prova de sua inocência. E Michael não revela toda a história e não a liberta com vergonha de se expor. Ela é condenada à prisão perpétua e ele a viver com profundo sentimento de remorso e culpa. Os dois lados da omissão e os dois lados do preço dessa omissão. Ou o preço da vergonha das dificuldades que é particular a cada um e que podem gerar os tão famigerados conflitos existenciais.
Inconformado com essa situação, e diante de sua separação com uma garota que conhecera na faculdade de direito, ele decide se redimir, em termos, com Hanna, enviando-lhe fitas cassete com narrações das historias que ele de forma despropositada lia para ela no tempo de adolescente, afinal, só o que ele queria era o sexo depois das leituras. Em posse dessas fitas, ela começa a interpretar as letras e depreende a leitura e a escrita. Mas é aí que entra, como citado no primeiro parágrafo, as consequências que a sensibilidade da leitura pode trazer na vida das pessoas, tais consequências só serão entendidas se o leitor assistir ao filme.
No fim da trama o autor ainda faz uma crítica no sentido em que muito se fala do Holocausto, porém, medidas para amenizar as consequências nazistas que os judeus pagam, não são tomadas, como a criação de um Instituto de Alfabetização. Portanto, o filme aborda grandes e polêmicos eixos temáticos que produzem conhecimento, consciência, e uma visão minuciosa de quem são as pessoas a partir da compreensão e da leitura que fazem do mundo. Afinal somos eternos leitores.