terça-feira, 16 de agosto de 2011

Ode a um ídolo

Homenagem a todos os pais


A tua barba já está grisalha

E eu afago o teu pouco cabelo

O labor te deixou cansado

Mas o sorriso continua o mesmo

Tentavas esconder a angústia

Quando desabava o teu chão

Disfarçavas e sorrias pra gente

Mas o olhar guardava a preocupação

De nunca deixar faltar

O pão de cada em dia em nossa mesa

Não faltou, mas e se faltasse

O amor não faltaria com certeza

A custo e com muito suor

Trabalhavas dia a dia sem parar

E se estava difícil te calavas

Para não nos preocupar

Me desculpa se contigo não dividi

Tantos momentos bons de alegria

Se com outros procurei me divertir

Enquanto você em casa não dormia

Me desculpa quando eu só te procurava

Pra falar dos problemas que eu trazia

Das angústias, dos medos e frustrações

Que você pacientemente ouvia

Fostes o conselheiro, o meu

Fiel escudeiro, fostes o meu divã

E quando eu não tinha sono, cantastes

Mais que Caetano ou que qualquer Djavan

Quando uma porta sem piedade se fechava

Você me dava esperança

Eu cresci como sonhava

Mas o mundo me faz querer ser aquela criança

Que quando de medo chorava

Encontrava em teus braços o conforto

Deleitava o pequeno corpo em teu peito

E já se sentia seguro de novo

Pai eu fico descontente

Por não te trazer nenhum presente

Sei que isso não te deixa magoado

Pois o que importa é eu estar ao teu lado

O seu dever está cumprido

Já sou um homem formado

Se te recompensei, não sei

Mas, muito obrigado.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Vídeo de Jessier Quirino contando a história do Matuto no cinema

Matuto no cinema poetizada - de Rafael Melo

Matuto do interior

Nunca pude ser doutor

Nem fui filho de fazendeiro

Mas com os tustão que ganhei

Pra capitá viajei

Fui ver firme estrangeiro


Chegando da capitá

Em Itabaiana na praça

Comecei a discursar

E disse assim: “má rapá”

Eu fui lá na capitá rapá

E vi vi um firme mafioso

Pense num firme internacioná

Os matuto foram chegando

E a negrada se sentando

Pro mode me escutar


Aí eu disse que no firme

Três artista existia

O bandido que matava

O artista que salvava

E o artista que sofria


O bandido que matava

Digo isso sem mentira

Junto com os seus compassas

Armou uma grande trapaça

Amarrou com cipó de imbira

O artista que sofria

Mas esqueceu do que salvava


E pense numa falta de sorte

Do artista que sofria

Ele morreu de tentar

Mas porém não conseguia

Porque apesar de ser forte

Imbira dos Estados Unidos

Num tem no mundo quem se solte


Perigoso que só buchada azeda

Invocado que só fiscal de gafieira

Mais sério que um porco mijando

A carona do bandido

Na tela foi se alargando


Pois o bandido bicho apontou o dedo

Bem na cara do artista

Que de nada tinha medo

E amarradinho na imbira

Ouviu o bandido falar

Num sei quê lá, Num sei quê lá

Num sei quê lá, Num sei quê lá


Mas ele num se amedrontou

O bicho era muito macho

olhou para o bandido tranquilo

Olhou para cima de baixo

E amarradin assim no chão

Disse: “Num sei quê lá

Num sei quê lá o que meu irmão?”


Meu amigo esse bandido

Ficou meio enfurecido

E feito um cururu no sal

Pegou o artista pela nuca

E disse: “Num sei quê lá,

Num sei quê lá o que?

Seu felá da puta”


Mas o artista tava era calmo

E continuou tranquilo

Olhou para cara do bandido

Má rapái e disse: “Num sei quê lá,

Num sei quê lá um carai?”


Má o bandido pegou um ah

Disse num tem quem me segure

Pegou uma chibata com a mão

Feita de pneu de girola de caminhão

Mais comprida que língua de manicure


E deu-lhe uma chibatada

Má foi tão aparentada

A um coice de besta parida

Que da tábua do queixo

Ao corte oreia do artista

Ficou escrito o nome

FIRESTOOONE


Eu sei que no meio dos bandido

Tinha um ator infiltrado

Que era do lado do artista

E tava mais camuflado

Que rapariga de pastor

Num tinha quem desconfiasse

Num tinha quem desconfiasse


Aí ele se encostou

Num cantinho assim do lado

E ele tinha um relógio

Pra telefone puxado

E ele passou o bizú

Pra polícia lá embaixo

E quando todos podiam escutar

O ator disse: “Num sei quê lá,

Num sei quê lá, Num sei quê lá”


E a polícia toda atenta

Ouviu tudo pelo rádio

Mas nos Estados Unidos

A polícia não é polícia

Se veste de adevogado


Eu sei que depois de feito

Todo o comunicado

A polícia passou um rádio

Chamou os outros ligeiro

Disse: “Acuie, acuie, acuie

todos os carros que o

negócio é dismantelo


Aí os carros acuiaram

Os carros acuiaram

Os carros acuiaram

E quando no local chegaram

Aí é que foi dismantelo

No prédio tinha mais carro

Que número de romeiro

Nos pés de padim padre Ciço

Na cidade de Juazeiro


O prédio era um prédio grande

Tinha uns dois ou três andares

Igual à prefeitura de Campina Grande

Mas num tinha quem entrasse


E nesse meio termos

Fecharam a avenida

E a polícia tome corda, tome corda

para salvar o artista

má deu uma revira-volta

E assim de última hora

Quando achava que era polícia

Veio o momento mais arrepiador

O artista principal chegou

Era o artista que salvava

Que veio salvar o outro artista

Ele veio naquele avião

Que tem uma peneira em cima


E ele num voava não

Ficou parado na prefeitura

Lá de cima ele avistava

Em baixo as viatura

E o povo avistava ele

Pela capota de vrido

Com dois cinturão de bala

E nas mãos uma espingarda

Com um canozão comprido


E os matuto me escutando

Sentado em cima de uns jegue

Aí eu disse o nome do artista

Arnudo Ichuazinegger

Má preste atenção meu irmão

Porque num é desses Ichuazinegger

Que dá no cu de qualquer moleque

Nascido no sertão não


É Ichuazinegger importado

Que num existe na Paraíba

Ou é da Checoslováquia

Ou então é da Bolívia


Aí o motorista mandou

Ichuazinegger dá um sarto

Ele pulo do avião

Quebrou logo o telhado

Depois furou a laje

E caiu no meio da sala

onde o artista tava amarrado


E antes que os bandido se ajeitasse

Ichuazinegger cheio de enfeite

Pegou tudo desprevinido

Cumeno cuscuz com leite


Ichuazinegger pegou a pistola

E se escorou num cantin

Começou a atirar

Num sei quê lá, Num sei quê lá, Num sei quê lá

Pois num é que matou tudim


Aí foi que apareceu bandido

E foi briga de cem metido a metro

Ele deu um tabefe danado

No bandido Mané Tapadi

Que logo soltou um berro

E feito uma jaca mole

caiu no chão de cu trancado


Aí um bandido atrevido

Homilhou o nosso artista

Agrediu-o com uma dedada

Onde as costas faz a virada

Onde ela muda de nome

No olho que num vê nada


O artista ofendido

Na região delicada

Entre a rapidez da dedada

E a velocidade do epa

Se escorou assim numa mesa

E com a fúria de 150 siri

Numa lata de querosene

Apontou a buduada

Acertou mermo na cara

E no serrote dos dente

O que choveu de canino

De molar e de incisivo

Fez chapa pra um mói de gente


Nesse momento o bandido

Correu já ia escapar

O artista com a espingarda

Começou a atirar

Tiro foi mais de setenta

Que a gente no cinema

Teve que se abaixar


Daquelas letrinha que passa

Derrubou um mói minha gente

Era bala de cartucheira

Que chega o telão ficou quente

Das letras sobraram três

Eu digo para vocês

Era um F, um I e um M