quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

A coisa tá pegando fogo!

A conferência do clima COP 21 discutiu o aquecimento global, debatendo soluções para que a temperatura em todo o mundo não continue a subir nos próximos anos. Desde a metade do século XIX, quando começou a revolução industrial, a temperatura mundial aumentou 1°C e está caminhando para aumentar mais 1°C. O Documento Final da COP 21 foi assinado com um acordo para criação de um fundo de R$ 100 bilhões para limitar aquecimento a 1,5 ºC a partir de 2020. 

Enquanto os chefes de estado preveem que a situação climática pode piorar até o fim do século, no interior paraibano os moradores já sentem os efeitos do aquecimento de forma muito mais prática. Sem os aparelhos de ar-condicionado do palácio francês onde as discussões aconteceram, os paraibanos enfrentam uma das piores secas dos últimos cem anos. A estiagem fez secar açudes, tornou inviável a agricultura em algumas regiões e o cultivo de algumas plantações em outras regiões do nosso Nordeste. O nosso semiárido parece nunca ter estado tão árido, num estado de emergência, quanto agora quando completamos um ciclo de quase cinco anos sem chuvas regulares.
A sabedoria popular dos agricultores dos torrões sertanejos do nosso Estado nos diz que todo ano de final 5 é temporada de seca e a escritura do senso comum se cumpriu nas linhas dos pesquisadores. De acordo com a Organização Meteorológica Mundial, 2015 é o ano mais quente da história do planeta. Seca no chão e céu no seco. A umidade relativa do ar, que deveria ficar entre 40% e 60% para ser considerada satisfatória, chegou a 11% em novembro em Patos, no Sertão da Paraíba. Os termômetros já atingiram 38°C este ano na cidade, de acordo com a Aesa.
Os principais reservatórios paraibanos descem gota a gota para as suas reservas técnicas. O Epitácio Pessoa e o Complexo Coremas Mãe D'Água estão próximo de chegar na marca de um dígito na escala percentual de suas capacidade totais. Na região de Campina Grande o racionamento completou 1 ano e agora acontece durante metade da semana, ou seja, estamos metade do ano sem abastecimento. 
O grande temor é que a situação hídrica no interior provoque um colapso em várias esferas da sociedade, na indústria, no comércio, na vida cotidiana. As medidas governamentais estão contornando o problema pontualmente e a expectativa para a resolução mais definitiva é a concretização da transposição do Rio São Francisco.
Apesar da transposição estar com 81% das suas obras concluídos, a Bacia Hidrográfica está operando atualmente com pouco mais de 4% da capacidade total do rio, em função da seca que atinge o manancial em quase todas as cidades por onde ele passa. O estudo do projeto da transposição realizado pelo Ministério da Integração Nacional aponta que a água do rio abastecerá os estados como a Paraíba sem problemas para o Velho Chico, mas na atual situação os especialistas argumentam que a água, depois de transposta, deverá ser usada estritamente para consumo humano, sem atender à indústria ou à irrigação da agricultura. Conforme o presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, Anivaldo Miranda: "A transposição do São Francisco pode significar tirar sangue de um paciente doente para colocar em outro paciente enfermo". 

sábado, 19 de dezembro de 2015

Cordel homenageia Rosil Cavalcanti no centenário do artista



No próximo domingo, 20, Rosil Cavalcanti completaria 100 anos se estivesse vivo. Rosil é o compositor de mais de 80 canções, muitos sucessos foram gravados por Jackson do Pandeiro, Luiz Gonzaga, Marinês. O cordel “Baiões de Dois” que será lançado no próximo domingo faz uma homenagem ao artista.
O folheto será apresentado às 14h na Casa do Poeta, no bairro do Catolé e em seguida será exposto também no Museu de Arte Popular da Paraíba, o dos Três Pandeiros, às margens do Açude Velho. No Museu, o pesquisador paraibano Rômulo Nóbrega também estará em uma tarde de autógrafos do livro da biografia de Rosil “Pra Dançar e Xaxar na Paraíba: Andanças de Rosil Cavalcanti”.
O cordel trata especificamente da parceria entre Rosil e Jackson do Pandeiro, a dupla Café com Leite, responsável por tantas músicas e pela atuação no século passado na rádio Tabajara. Além disso, o mesmo cordel também traz outro poema sobre a parceria entre Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, já que 2015 também é o ano do centenário de Humberto, compositor do Rei do Baião.
É por isso que o nome do folheto é Baiões de Dois, já que trata de duas parcerias importantes para a cultura brasileira. As quadras dos versos foram inspiradas no poema de Orlando Tejo sobre os repentistas Louro do Pajeú e Pinto do Monteiro. O autor é Rafael Melo.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Rosil Cavalcanti: um pernambucano de Campina Grande?

Era assim que Rosil Cavalcanti se intitulava, um pernambucano de Campina Grande, já que o artista nasceu na cidade de Macaparana, mas adotou a Serra da Borborema para viver e construir sua obra. Contudo, Rosil era mais, ele era o Rosil do Brasil. Se estivesse vivo, o artista completaria 100 anos no próximo dia 20 de dezembro.
Diversos cantores como Luiz Gonzaga e Ary Lobo gravaram canções de Rosil. O pesquisador Rômulo Nóbrega afirma que ele escreveu mais de 80 letras e mais de 20 delas foram gravadas por Jackson do Pandeiro, seu grande parceiro, com quem formou a dupla Café com Leite do rádio paraibano. Os dois encantaram os ouvintes da rádio Tabajara, em João Pessoa, com um programa bastante descontraído e musical. O grande sucesso dos dois, Sebastiana, ganhou os carnavais, festas juninas e foi gravado em outros países.
Depois, Rosil deixaria a faixa litorânea e seguiria para Campina Grande para atuar na Rádio Borborema e as ondas tropicais da rádio o fizeram chegar nas casas de famílias de diversos estados brasileiros. Foi na Borborema que nasceu o personagem capitão Zé Lagoa. O Forró de Zé Lagoa, programa de auditório, se transformou em referência na cidade, virou música e se tornou lembrança.
A voz que lhe faltava para gravar sobrava para o rádio. Foi um fabuloso radialista, criando, inovando e pouco reproduzindo. Deu tons de graça aos programas policiais e encheu de humor os programas musicais no século passado em Campina Grande. Ele também escreveu folhetos de cordéis e levava uma vida de poesia. As cartas trocadas com D. Nevinha, sua esposa, tinham sempre um tom de graça, quando não de poemas.
Caçador que era, conhecia bem o solo, a vegetação, o clima seco do semiárido e a vida do Agreste, do Sertão e do Cariri, região que fez nascer uma de suas primeiras canções: “Meu Cariri”.
Ele tinha um jeito muito peculiar de guardar na mente as cenas cotidianas e retratá-las posteriormente em suas músicas. O compositor de obras memoráveis como “Cabo Tenório” e “Na Base da Chinela” fez músicas para animar as pessoas e outras de tom bastante nostálgico e reflexivo como Tropeiros da Borborema, esta junto com Raymundo Asfora. Rosil também era do Norte quando compôs o “Coco do Norte” e até hoje músicas como Sebastiana são tocadas ao som de uma sanfona do Sul. Não restam dúvidas, assim, que Rosil é de todas as regiões deste país e foi um dos maiores artistas do Brasil.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Baiões-de-dois – Rosil e Jackson do Pandeiro

Dupla Café com Leite


Os versos fazem uma homenagem a Rosil Cavalcanti, que completaria 100 anos no próximo dia 20 de dezembro. O poema narra a parceria do artista com Jackson do Pandeiro.


“Se você ainda não viu”
Vai ver um legado inteiro
Construído por Rosil
E com Jackson do Pandeiro


Jackson gravou do parceiro
Só canções de nota mil
Cantou Jackson do Pandeiro
Vinte músicas de Rosil


Sebastiana serviu
Como o sucesso primeiro
Inventado por Rosil
E por Jackson do Pandeiro


A letra estourou ligeiro
Na mão do negro gentil
Jackson era com o Pandeiro
A bomba, e o estopim Rosil


Mostrou o alfabetozil
Do inletrado brasileiro
O letrista foi Rosil
Junto a Jackson do Pandeiro


No carnaval brasileiro
Esta canção explodiu
Rodou o país inteiro
Mostrando o nosso Brasil


Em Pernambuco surgiu
Este sucesso primeiro
Dos nordestinos Rosil
E de Jackson do Pandeiro


Outro sucesso certeiro
Que o mundo todo assistiu
Que é de Jackson do Pandeiro
Em conjunto com Rosil:


Cabo Tenório até viu
Seu nome no mundo inteiro
Graças ao nosso Rosil
E ao Jackson do Pandeiro


Apresentando o Tropeiro
De Campina pra o Brasil
Sem o Jackson do Pandeiro
Com Asfora, fora Rosil


Alagoa Grande pariu
Jackson, que é brejeiro
O silvestre que foi Rosil
Pernambucano agresteiro


O Quadro Negro pioneiro
Que em uma letra surgiu
Era Jackson do Pandeiro
E o giz branco era Rosil


Café com leite fundiu
Da mistura dos parceiros
O branco leite Rosil
Café Jackson do Pandeiro

Pois Jackson detinha o cheiro
Da música do Brasil
Junto a Jackson do Pandeiro
Nata da canção: Rosil


Jackson gravou em vinil
E no rádio brasileiro
Deu entrevista a Rosil
Nosso Jackson do Pandeiro


Na rádio foi pioneiro
Um artista nota mil
Já sem Jackson do Pandeiro
Se destacava Rosil


Neste Brasil Guaranil
Não existem companheiros
Como foram MEU Rosil
Com SEU Jackson do Pandeiro


Nosso Jackson do Pandeiro
Era um cidadão civil
E do Exército Brasileiro
Foi o militar Rosil


Na gafieira existiu
Um forró super ligeiro
Comandado por Rosil
E por Jackson do Pandeiro


De coco foi um coqueiro
Que a nossa dupla emitiu
Coco Jackson do Pandeiro
Do Norte, e social Rosil


Uma bela obra construiu
Rosil, o grande engenheiro
E o arquiteto de Rosil
Claro, é Jackson do Pandeiro


Foi gigante o Vassoureiro
Quando esta dupla eclodiu
Depois, Jackson do Pandeiro
Varreu prêmios com Rosil


E agora você já viu
Este mar de cancioneiro
A cultura de Rosil
N’água Jackson do Pandeiro


Rosil foi o estaleiro
Onde atracou o navio
Cantor Jackson do Pandeiro
E compositor Rosil