sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Rosil Cavalcanti: um pernambucano de Campina Grande?

Era assim que Rosil Cavalcanti se intitulava, um pernambucano de Campina Grande, já que o artista nasceu na cidade de Macaparana, mas adotou a Serra da Borborema para viver e construir sua obra. Contudo, Rosil era mais, ele era o Rosil do Brasil. Se estivesse vivo, o artista completaria 100 anos no próximo dia 20 de dezembro.
Diversos cantores como Luiz Gonzaga e Ary Lobo gravaram canções de Rosil. O pesquisador Rômulo Nóbrega afirma que ele escreveu mais de 80 letras e mais de 20 delas foram gravadas por Jackson do Pandeiro, seu grande parceiro, com quem formou a dupla Café com Leite do rádio paraibano. Os dois encantaram os ouvintes da rádio Tabajara, em João Pessoa, com um programa bastante descontraído e musical. O grande sucesso dos dois, Sebastiana, ganhou os carnavais, festas juninas e foi gravado em outros países.
Depois, Rosil deixaria a faixa litorânea e seguiria para Campina Grande para atuar na Rádio Borborema e as ondas tropicais da rádio o fizeram chegar nas casas de famílias de diversos estados brasileiros. Foi na Borborema que nasceu o personagem capitão Zé Lagoa. O Forró de Zé Lagoa, programa de auditório, se transformou em referência na cidade, virou música e se tornou lembrança.
A voz que lhe faltava para gravar sobrava para o rádio. Foi um fabuloso radialista, criando, inovando e pouco reproduzindo. Deu tons de graça aos programas policiais e encheu de humor os programas musicais no século passado em Campina Grande. Ele também escreveu folhetos de cordéis e levava uma vida de poesia. As cartas trocadas com D. Nevinha, sua esposa, tinham sempre um tom de graça, quando não de poemas.
Caçador que era, conhecia bem o solo, a vegetação, o clima seco do semiárido e a vida do Agreste, do Sertão e do Cariri, região que fez nascer uma de suas primeiras canções: “Meu Cariri”.
Ele tinha um jeito muito peculiar de guardar na mente as cenas cotidianas e retratá-las posteriormente em suas músicas. O compositor de obras memoráveis como “Cabo Tenório” e “Na Base da Chinela” fez músicas para animar as pessoas e outras de tom bastante nostálgico e reflexivo como Tropeiros da Borborema, esta junto com Raymundo Asfora. Rosil também era do Norte quando compôs o “Coco do Norte” e até hoje músicas como Sebastiana são tocadas ao som de uma sanfona do Sul. Não restam dúvidas, assim, que Rosil é de todas as regiões deste país e foi um dos maiores artistas do Brasil.

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