quinta-feira, 27 de novembro de 2014

As doenças causadas pelo mundo

(Inspirado em Augusto dos Anjos pelo centenário de sua morte)

Nasci com vários destinos
Pelo corpo circunscritos
Para que fossem trilhados
No espaço da infância
Criei uma repugnância
Pelos passos já andados

Sonhei, pensei e agi
Ao futuro requeri
Um futuro de presente
Mas ao crescer percebi
Que o caminho que segui
Era muito diferente

Eu ainda menininho
Nas pernas vários caminhos
Escolhi o mais banal
Foi trágico e infeliz
Quando eu "percebisenti"
O meu destino final

Fui no cosmos englobante
Um infante viajante
Número em uma máquina
Fiquei leproso, doente
Hipocondríaco, impotente
De maneira mais que rápida

Torto qual o anjo à sombra
Uma dor forte me assombra
Quando deito à noitinha
Esta tal espondilite
Anquilosante divide
O sorriso e a alegria

E nos caminhos dos membros
Os passos foram horrendos
Resultados infelizes
Por ser um inerte animal
Com nada de especial
Travaram-me as varizes

A visão ganhou limite
Tive uma uveíte
No olho que é da razão
Mas ainda palpitava
O olho que enxergava
Com íris do coração


Operei-me de varizes
Arrancaram as raízes
Duma veia incompetente
Mas veia de poesia
Num existe cirurgia
Que "desrime" ou arrebente

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