Matheus
Soares revela como grupo de outros surdos o ajudou.
Jogo desenvolvido foi apresentado e aprovado com conceito A. |
Quando uma pessoa nasce
com um diagnóstico de surdez severa, isto significa dizer que o paciente tem
uma possibilidade muito grande de não desenvolver a audição e, por consequência,
a fala. Matheus Soares nasceu há 23 anos com este tipo de deficiência. Os pais
não descansaram e investiram no tratamento do filho. Apesar de todo o esforço e
trabalho com a ajuda de profissionais preparados, o grau avançou para surdez
profunda. Mas isso não impossibilitou Matheus de desenvolver a fala e de
escutar por meio da ajuda de um aparelho auditivo.
Mesmo com a dificuldade
de comunicação, o primeiro curso superior pretendido pelo jovem foi o de
Comunicação Social. Largou a vida tranquila em um apartamento de classe média da
família no Rio de Janeiro para morar em Campina Grande, na Paraíba, e estudar
na Universidade Estadual da Paraíba.
Depois de um período no
curso, decidiu mudar e foi estudar Arte e Mídia na Universidade Federal de
Campina Grande. Matheus conta que teve muitas dificuldades de adaptação pela
falta de acessibilidade e inclusão, mas conseguiu compensar os obstáculos com
muita leitura e a ajuda de alunos e professores. “Eu entendo boa parte do que
as pessoas falam por meio da leitura labial. Então, quando o professor bota a
mão na frente da boca ou fala de costas, eu simplesmente não capto o que está
sendo dito. Foi muito difícil, mas eles conseguiram entender em parte, e eu
também corri atrás”, disse Matheus.
O fascínio pela
animação e o mundo dos games o levou a desenvolver um produto inusitado no
curso: um jogo digital. “O Ataque das Galinhas Mutantes” é um game bem humorado
em que o fazendeiro tem que se livrar da fúria das galinhas. O jovem contou com
a ajuda de amigos e do próprio pai para desenvolver o produto. O trabalho foi aprovado
com conceito “A” pela banca da UFCG.
Mas o caminho até essas
conquistas não foi tão fácil. Matheus conta que a deficiência criou muita
dificuldade na interação. “A surdez, mesmo que não completa, causa muitos
problemas de comunicação, o que desenvolve a dificuldade de interação social. E
isso é muito sério! Durante muito tempo, me deparei com uma dificuldade de
interação, o que prejudica em todas as áreas”, narra.
Contato com grupo de surdos oralizados ajudou Matheus a superar obstáculos. |
Mas foi a partir do
contato com um grupo de surdos oralizados que Matheus conseguiu se desenvolver
e superar os obstáculos. “Desde 2017 eu entrei para esse grupo criado por uma
paraibana de João Pessoa. O ‘Diversidade Surda’ reúne pessoas que têm
dificuldade na audição e na fala, mas que não se comunicam pela Língua
Brasileira de Sinais. Pensar que surdos só falam através da Libras é uma visão
muito limitada”, explicou.
O grupo tem mais de 150
participantes e realiza encontros semestrais em estados diferentes do país. “Esse
grupo ajudou a melhorar minha autoestima e a ganhar autonomia e confiança. Hoje
eu viajo sozinho, sou independente nesse sentido. O nosso grupo está ganhando
visibilidade porque não é para falar apenas tecnicamente da surdez, mas é para
promover a amizade entre surdos”, disse.
Hoje Matheus desenvolve
conteúdo para os perfis do grupo nas redes sociais para ajudar outras pessoas
com a mesma deficiência. O jovem ainda está decidindo quais serão os próximos
passos da sua história, mas deve retornar para o Rio de Janeiro e se dedicar à
área de tecnologia da informação e ciência de dados. Contudo, já tem a certeza
que se encontrou no mundo. “É aquela sensação de pertencimento, de se sentir incluído
e respeitado. A verdadeira alegria está em conviver entre seus semelhantes.”
Surdos que falam, uma realidade que não pode e não deve ser ignorada! A oralizacao é possível.
ResponderExcluirSensacional!
ResponderExcluirComo faço para participar desse grupo Diversidade Surda? Vcs tem Whatsapp?? Facebook???
ResponderExcluirOlá, Isabela! Você pode entrar em contato com a Nathielly, pelo telefone (83) 99965-4590
ExcluirPor favor enviem resposta.
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