sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Poema de São José da Matense discute a emancipação do distrito

Conversa de um distrito com o santo padroeiro
(Por Pipa) Claudoaldo Figueiredo

Ó meu santo São José,
Patrono deste lugar,
Curvado à sombra da mata,
Hoje venho te indagar.
Eu sigo sendo distrito
Ou devo me emancipar?
- Todo rapaz ou mocinha
Pede aos pais liberdade.
Assim também é o distrito,
Que pede pra ser cidade.
Almejam os galardões,
Os louros da maioridade.
- Com sua parca mesada
Chora o filho insatisfeito.
Em igual penúria o distrito
Chora perante o prefeito.
No Fundo, quer voz ativa.
Quer líquido e certo direito.
- Tudo, porém, tem um preço
Seja à vista ou em parcela.
Até Deus pra nos dá Eva
Nos cobrou uma costela
E a liberdade é mais cara
Pra quem faz mau uso dela.
- Assim sendo, emancipar-se
Talvez não valha à pena.
Em verdade o homem é livre
Quando criança pequena.
Por mais traquina que seja
Tem sempre quem a defenda.
Urina a grama o guri,
Sem censura, com pirraça.
Se o adulto incontinente,
Faz miquitório da praça,
Ao pé do ouvido a polícia
Dá conselhos de borracha.
- Se o jovem vive ocioso,
Não estuda e não trabalha,
Jogam a culpa nas leis,
Na educação, que é falha.
Quando for um homem feito,
Jogarão nele a cangalha.
- Enquanto eu for distrito
Reputo-me inimputável.
Vejo sofrer o meu povo
Em condição lastimável
E há duas léguas daqui
Aponto pro responsável.
Por outro lado, meu Santo
Aflijo-me, esquento a cuca.
Sou a terra que proteges,
Não sou a terra do nunca.
E toda criança um dia
Chegará à idade adulta.
Dá-me, pois, discernimento.
Aponta o melhor desfecho.
- Vejo vantagem em ser grande,
Contudo, comparo o preço.
Ser grande exige preparo,
Ou será grande o tropeço.
São José da Mata-PB, aliás, Campina Grande-PB, 07 de setembro de 2015.

Nenhum comentário:

Postar um comentário