segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga

Em homenagem ao centenário de vida de Humberto Teixeira, comemorado neste 5 de janeiro, um trabalho com quadras falando da parceria dele com Gonzagão. (Para relembrar as quadras de Tejo para Louro e Pinto)

Gonzaga e Humberto

De saudade me aperto
Com a alma castigada
Por não ter mais nosso Humberto
E nem escutar Gonzaga

Voz de magia, tão maga!
Encantou até o esperto
O mágico era Gonzaga
O feiticeiro, Humberto

Rimas com efeito verto
Ocupando a área vaga
Copiou o Norte Humberto
Cantou o Norte Gonzaga

O baião, ninguém indaga:
Quem mostrou ao universo
Pois sabe que foi Gonzaga
Juntamente com Humberto

Cantando o futuro incerto
Da seca que castigava
Deixou o peito Humberto
Na serra que é de Gonzaga

Pra diminuir a chaga
Do Nordeste com inverno
Implorou mestre Gonzaga
Suplicou doutor Humberto


Uma ave que faz o verso
A outra canta e propaga
“A Asa Branca” Humberto
“O Assum Preto” Gonzaga

A obra foi consagrada
Como oásis no deserto
No solo infértil Gonzaga
Plantou, colheu com Humberto

Trilhando o caminho certo
Luiz sempre enxergava
Pelo olho de Humberto
Que se via em Gonzaga

Pois quem na fumaça traga
E nas canções fica imerso
Vê transcrito seu Gonzaga
No texto que é de Humberto

Quem bebe de peito aberto
E deles se embriaga
Sente pulsando Humberto
Na goela que é de Gonzaga

O céu hoje se alaga
Com os dois estando perto
Nas nuvens pra ver Gonzaga
Os anjos vão a Humberto

E neste celeste teto
O concerto não divaga
Até com lira Humberto
Tá tocando com Gonzaga

Construíram bela saga
Vivendo sempre bem perto
Teixeira é para Gonzaga
Como Luiz para Humberto

Baião-dos-dois é coberto
De forró com uma camada
Gonzaga fez de Humberto
O que este fez de Gonzaga

Só que nem jiló que amarga
Do fim estiveram perto
Mas Luiz só foi Gonzaga
Com Humberto sendo Humberto


Põe a gente neste inferno
A saudade que maltrata
Queria ter mais de Hum berto
E gozar mais de Gonzaga

Hoje a gente canta e afaga
Os dois com o naipe certo
Monarquia de Gonzaga
Doutorado de Humberto

Se errei algo, conserto
Não quero receber praga
Por tirar algo de Humberto
E botar algo em Gonzaga

Humberto fez como draga
Gonzaga ser descoberto
Se Teixeira achou Gonzaga
Luiz lapidou Humberto

Até com o tempo do eterno
Vossa obra não se apaga
Pois não morre um Humberto
Nem falece um Gonzaga

Feito abelha, zigue-zagua
Meu juízo, agora incerto
Não sei se Humberto é Gonzaga
Ou se Gonzaga é Humberto



Rafael Melo

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